Em meados do séc. I, Roma era a maior cidade do mundo, com aproximadamente um milhão de habitantes. Neste número estavam incluídos cerca de 50.000 judeus.
Provavelmente, o cristianismo chegou a Roma levado por judeus palestinos convertidos ao Evangelho de Jesus. Uma antiga tradição diz que foi Pedro quem anunciou o Evangelho em Roma, por volta do ano 42, e que da sua pregação resultou uma florescente comunidade cristã. No entanto, não temos evidências que comprovem esta tradição.
Paulo escreveu a sua Carta aos Romanos por volta do ano 57 ou 58. Estava, por essa altura, prestes a terminar a sua terceira viagem missionária. Sentia que tinha concluído a sua missão no Mediterrâneo oriental, pois as igrejas que fundara e acompanhara nessas paragens estavam organizadas e já podiam caminhar por si próprias. O olhar de Paulo dirigia-se agora para ocidente. O apóstolo pensava passar por Roma, deter-se algum tempo nessa cidade e viajar depois para a Espanha para aí anunciar o Evangelho. Ao dirigir-se por carta aos cristãos de Roma, Paulo pretendia estabelecer laços com eles; mas também aproveitou a oportunidade para lhes apresentar os principais problemas que então o preocupavam, entre os quais sobressaía a questão da unidade. Tratava-se de um problema que se sentia um pouco por todo o lado e que também inquietava a jovem comunidade cristã de Roma, afetada por dificuldades de relacionamento entre cristãos de origem judaica e cristãos vindos do mundo greco-romano. Com serenidade e lucidez, evitando qualquer polêmica, Paulo expôs aos cristãos de Roma as linhas mestras do Evangelho que anunciava. A Carta aos Romanos é uma espécie de resumo da teologia paulina e, do ponto de vista teológico, o escrito mais completo de Paulo.
Na primeira parte da Carta, Paulo vai fazer notar aos cristãos divididos que o Evangelho é a força que congrega e que salva todo o crente, sem distinção de judeu, grego ou romano. Embora o pecado seja uma realidade universal, que afeta todos os homens, a “justiça de Deus” dá vida a todos, sem distinção; e é em Jesus Cristo que essa vida se comunica e que transforma o homem. Batizado em Cristo, o cristão morre para o pecado e nasce para uma vida nova. Passa a ser conduzido pelo Espírito e torna-se filho de Deus; libertado do pecado e da morte, produz frutos de santificação e caminha para a Vida eterna. Na segunda parte da carta Paulo, de uma forma bastante prática, exorta os cristãos a viverem de acordo com o Evangelho de Jesus.
O texto que nos é hoje proposto é parte da introdução à carta. Sabendo que se trata de uma comunidade que não foi fundada por ele, Paulo adota singulares precauções diplomáticas, a fim de não melindrar os cristãos de Roma. Começa por se apresentar e por definir a missão que Deus lhe confiou.