Jesus foi preso no jardim das Oliveiras pelos soldados do templo numa noite de quinta-feira do mês de Nisan do ano 30. Logo em seguida, foi conduzido pelos soldados ao palácio do sumo sacerdote, onde foi maltratado e insultado durante uma boa parte da noite. De manhã, Jesus foi apresentado diante de um Conselho de notáveis, formado por anciãos do povo, sumo sacerdotes e doutores da Lei. Os membros do Conselho o interrogaram e procuraram definir a sua culpa. Quando acharam que já tinham os dados necessários, fizeram Jesus comparecer diante do procurador romano Pôncio Pilatos. Acusavam-no de sublevar o povo contra César e de se apresentar como o Messias-Rei.
Pilatos não ficou convencido da culpabilidade do réu. Tentou, de diversas formas, libertar Jesus; mas, pressionado pelos dirigentes judeus, acabou por ceder e por decretar a condenação de Jesus à morte na cruz.
O cortejo com os condenados (havia mais dois, além de Jesus – saiu do palácio de Pôncio Pilatos e dirigiu-se, através das ruas da cidade, para o local das execuções, uma pequena colina situada fora das muralhas, mas que era um lugar de passagem para os que entravam e saíam da cidade. Dessa forma, todos os que passavam por ali podiam ver o que acontecia a quem afrontava o poder romano. O traçado que Jesus e os outros condenados tinham de percorrer era relativamente curto, talvez de uns quinhentos metros.
Jesus, como os outros condenados, levava às costas uma trave, a trave transversal da cruz. As fontes dizem que Jesus, enfraquecido pela tortura, não conseguiu levar a trave até ao fim. Os soldados, com medo que ele morresse antes de a sentença ter sido executada, tiveram de requisitar um tal Simão de Cirene, um homem que vinha do campo, para carregar a trave que Jesus transportava às costas.
Não tardaram a chegar ao Gólgota, o lugar das execuções de Jerusalém. Era um local sinistro. “Gólgota” (do arameu “gulgultá”) significa “lugar do crânio, ou da caveira”. Era uma pequena colina de dez ou doze metros de altura. No cimo dessa pequena colina podiam ver-se, espetados na terra, os paus verticais onde iriam ser penduradas as traves que os condenados transportavam às costas.
Procedeu-se então à crucifixão dos condenados. Despiram-nos, para lhes degradar a dignidade. Depois, os soldados deitaram sortes para ver quem ficava com as vestes dos condenados. Estenderam Jesus e os outros dois no chão e os pregaram ao travessão lateral pelos pulsos; depois elevaram o travessão com o corpo de cada condenado e fixaram-no no pau vertical. Com cravos, fixaram os pés dos condenados ao pau vertical. Na parte superior da cruz de Jesus havia um letreiro identificando o condenado e dizendo a razão da sua condenação: “o basileus tôn Ioudaiôn outos” (“este é o rei dos judeus”).
É o final da “caminhada” terrena de Jesus: estamos perante o último quadro de uma vida gasta ao serviço da construção do Reino de Deus. As bases do Reino já estão lançadas e Jesus é apresentado como “o Rei” que preside a esse “estranho” Reino cujos contornos não foram desenhados pelos homens mas sim por Deus.