Compreender os textos Bíblicos não é tarefa fácil, e se torna praticamente impossível se não levarmos em conta os aspectos histórico-culturais e os costumes da época em que cada leitura se passa. Há muitas mensagens escritas que se apóiam nestes aspectos, além de leis específicas, metáforas temporais, problemas de tradução e até mesmo estilos usados pelos autores de cada livro, e quais elementos (ou mesmo objetivos) queriam enfatizar em seus textos.

CONDIÇÕES HISTÓRICO-CULTURAIS E COSTUMES DA ÉPOCA DAS PASSAGENS BÍBLICAS

LEITURAS DA SEMANA

"PRÓXIMA REUNIÃO: 20 de Março de 2025"

Antes de cada reunião semanal, colocaremos nesta página informações úteis, sobre cada leitura, para nos ajudar nesta "viagem no tempo" e, assim, com o auxílio do Espírito Santo de Deus, entendermos as mensagens com este pano de fundo histórico e, finalmente, podermos transportá-las aos nossos dias e às nossas circunstâncias de hoje.

1ª Leitura:  Livro do Êxodo (Ex 3: 1-8a, 13-15)

2ª Leitura: Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 10: 1-6, 10-12)

Evangelho: segundo Lucas (Lc 13: 1-9)

Ref. Domingo 23/Março/2025

3º Domingo da Quaresma - Ano C

O Evangelho de hoje nos situa, já, no contexto da “viagem” de Jesus para Jerusalém (cf. Lc 9,51-19,28). Mais do que um caminho geográfico, é um caminho espiritual, que Jesus percorre rodeado pelos discípulos. Durante esse percurso, Jesus prepara-os para que entendam e assumam os valores do Reino (mesmo quando as palavras de Jesus se dirigem às multidões, como é o caso do episódio de hoje, são os discípulos que rodeiam Jesus os primeiros destinatários da mensagem).

Pretende-se que, terminada esta caminhada, os discípulos estejam preparados para continuar a obra de Jesus e para levar a sua proposta libertadora a toda a terra.

O texto que hoje nos é proposto apresenta um convite veemente à conversão ao Reino. Destina-se à multidão, em geral, e aos discípulos que rodeiam Jesus, em particular.

A primeira parte do livro do Êxodo (Ex 1-18) nos apresenta um conjunto de “tradições” sobre a libertação do Egito: narra-se a iniciativa de Jahwéh, que escutou os gemidos dos hebreus escravizados e teve compaixão deles (cf. Ex 2,23-24).

O texto que nos é proposto como primeira leitura nos apresenta o chamamento de Moisés, convidado a ser o rosto visível da libertação que Jahwéh vai levar a cabo.

Algum tempo antes, Moisés deixara o Egito fugido por haver atacado mortalmente a um guarda egício que maltratava um hebreu e encontrara abrigo no deserto do Sinai (o caminho do deserto era o caminho normal dos opositores à política do faraó, como o demonstram outras histórias da época que chegaram até nós); acolhido por uma tribo de beduínos, Moisés casou e refez a sua vida, numa experiência de calma e de tranquilidade bem merecidas, após o incidente que lhe arruinara os sonhos de uma carreira no aparelho administrativo egípcio (cf. Ex 2,11-22). Ora, é precisamente nesse oásis de paz que Jahwéh Se revela, desinquieta Moisés e o envia em missão ao Egito.

No mundo grego, os templos eram os principais matadouros de gado. Os animais eram oferecidos aos deuses e imolados nos templos. Uma parte do animal era queimada e outra parte pertencia aos sacerdotes. No entanto, havia sempre sobras, que o pessoal do templo comercializava.

Essas sobras se encontravam à venda nas bancas dos mercados, eram compradas pela população e entravam na cadeia alimentar. No entanto, tal situação não deixava de suscitar algumas questões aos cristãos: comprar essas carnes e comê-las – como toda a gente fazia – era, de alguma forma, comprometer-se com os cultos idolátricos. Isso era lícito? É essa questão que inquieta os cristãos de Corinto.

A esta questão, Paulo responde em 1 Cor 8-10. Concretamente, a resposta aparece em vinte versículos (cf. 1 Cor 8,1-13 e 10,22-29): dado que os ídolos não são nada, comer dessa carne é indiferente. Contudo, deve-se evitar escandalizar os mais débeis: se houver esse perigo, evite-se comer dessa carne.

Paulo aproveita este ponto de partida para um desenvolvimento que vai muito além da questão inicial: comer ou não comer carne imolada aos ídolos não é importante; o importante é não voltar a cair na idolatria e nos vícios anteriores; o importante é esforçar-se seriamente por viver em comunhão com Deus.